sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

SOB O BRILHO INTENSO DAS BALAS DE PRATA

Furtivamente, eu observava.

Apesar de todos os tiros disparados erroneamente.

Não sabia responder se poderia ir mais longe.

Dar um passo além do necessário.

Nem mesmo, se poderia fazer qualquer afirmativa sem temor.

Sobretudo este último passo não me convinha dar.

(Não naquele instante.)

Não exercia mais nenhuma autoridade moral sobre mim.

Aos poucos, porém, fui perdendo o medo.

Arrependido estava, embora sem sentimento de culpa.

Expiei por um breve momento todas as minhas faltas.

E o abismo então se abriu a meus pés.

Esqueci-me, por um momento, de meus propósitos.

Como em um dia em que me pus a exercer a reflexão.

E comecei a escrever aquelas tolices.

A verdade é que, raciocinando dessa forma.

Estava de certa maneira me justificando e me iludindo.

Acabando assim, por me alongar em detalhes que não interessam aos finais objetivos.

Não posso mais perder tempo a te esperar.

(Essa idéia pareceu-me melhor.)

Já era finalzinho da tarde.

E as cigarras ainda se esforçavam em seu cântico mortal.

Notei a mudança no tempo.

E agora o frio da noite começara a envolver o calor de meu corpo.

Criando uma barreira de gelo ao meu redor.

Coisa alguma poderia atingir minha alma naquele momento.

Estava estático como se não houvesse mais nada a minha frente.

Como se não houvesse mais nada no que se pensar.

È indescritível o que sofri ali.

Por mais passageiro que se possa ser o delírio.

Sabia que este perduraria por muito mais tempo em minha mente.

De uma feita, fugi, sem olhar para trás.

Apesar de mover-me rapidamente.

Fiquei com a impressão de que uma parte minha tinha ficado.

Imóvel, inerte, ao som dos transeuntes e o zunido das balas de prata.

Mas deixei-a lá, para que se purificasse.

Pagando assim por todos os pecados que cometi.

Sem qualquer tipo de pesar ou remorso.

Pois era uma parte minha que perecia.

Sob o brilho prateado da Lua.

Que com seu manto mágico, encobriu todas as minhas falhas.

Oferecendo, como uma mãe generosa, uma nova oportunidade de refazer-me em vida.



                                                                        B.X.D.

9 comentários:

  1. Diferente seu estilo, para ser mais exata a forma como escreve. Me deu a sensação de procura existencial, aflição pessoal e um pouquinho de drama.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Bruno,eu adorei seu Blog!!!
    Gostei do seu estilo...do geitinho que eu gosto!!
    E que poesia linda!!!
    BeijOo e muito sucesso!

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  4. Bruno, seu poema é muito bom... gosto desse estilo, pq faz a gente mergulhar realmente no que o autor quer partilhar.

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  5. Esse negócio de nova oportunidade de refazer-se em vida, é meio como uma mudança. O momento agora é de mudanças.

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  6. demorei, mas apareci e gostei...(o livreiro)

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  7. Olá Bruno! Fiquei muito feliz com sua visita! Que bom que gostou de meus poemas! Como meu tio costuma dizer, os melhores poemas vem quando nos sentimos as piores pessoas ^^ Enfim, acho que a dor, no fundo, tbm serve para uma coisa boa.. rsrs
    Quero parabenizá-lo tbm, li seu poema e ele é totalmente inspirador! Se ver algum poema semelhante, não é mera coisidência, é só intertextualidade... hehehehe
    Também estou a te seguir!
    Abraçoos.. ótima semana ;D

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  8. Maravilhoso seu poema, Bruno!

    passa no meu:
    http://diariodajovemescritora.blogspot.com/

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  9. Palavra nova, pra mim. Minha vó tb era cheia das palavras novas, q depois, a gente descobria q elas existem no dicionário. Avós sabem demais!

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