terça-feira, 30 de dezembro de 2014


AS CHUVAS DO FIM DE ANO


Observo através da janela, os dias chuvosos de todos os fins de ano.

Fico curioso ao ver a nuvem branca cobrindo a serra.

E o movimento acelerado das pessoas.

Debruço-me sobre o parapeito, tentando achar uma posição mais cômoda para minha reflexão.

A brisa gelada é um convite ao chá quente.

Aqueço meu coração para os “flash back’s” do dia.

Já percebi, há muitos anos, que pertenço a esse mundo de silêncio quebrado.

Onde o som da chuva, batendo no chão, é a trilha sonora do “curta-metragem” da vida.

Quase um ano de intensa inflexão, para um dia inteiro de pura respiração profunda.

Os olhos procuram um ponto fixo em meio ao emaranhado de prédios.

O ruído da porta rangendo me tira a atenção.

Desligo a televisão, que esbravejava qualquer coisa inteligível.

Procuro o cobertor que havia deixado em cima da escrivaninha.

Com o pensamento na cama aconchegante que me espera.

Sento em sua cabeceira, com o pensamento ainda distante.

Mas, com as mãos prontas e esticadas de encontro ao antigo rádio, no chão ao lado.

Procuro a estação que costuma ouvir, sentado na poltrona da sala da casa de meu pai.

As musicas eram tão doces e lentas.

E sempre me remetiam a coisas boas.

Sempre me remetiam a paz de espírito.

Fico a espera do ato seguinte da vida, como um ator atrás dos bastidores.

Tentando puxar da memória todos os dias que resolvi ignorar.

Sinto que estou em meio a um turbilhão de lembranças e pensamentos.

Fico ali, deitado observando o balançar do ventilador de teto.

Pensando que, talvez, esteja tudo errado.

Que talvez esteja me limitando a fugir de tudo aquilo que me persegue.

Sem ao menos tentar encarar.

Há muito tempo que espero por esse momento.

Cada vez que esse dia vai embora, sinto lágrimas rolarem por dentro.

Pois é nele que descanso minha mente.

Tentando encontrar um minuto de tranqüilidade neste mundo.

Quando, finalmente, ele se vai.

Apenas sinto a falta de não ter tido tempo suficiente.

Tempo suficiente para simplesmente existir, em um mar repleto de aparências e egoísmos.



B.X.D.

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