quinta-feira, 17 de setembro de 2015

INQUIETUDE



Predomino em sua pele, como a sujeira de dias que não se pode retirar.

Antevejo seus passos com pormenores que nem mesmo poderia imaginar.

O tempo todo te observo, perseguindo os passos tímidos que custa a dar.

Faço a narrativa de sua história, como um observador inquieto e silente.

Tudo condizente com seu estado de espirito.

Na espreita da noite procuro um porto seguro, junto ao seu.

E percebo que não há mais lugar nesta vida que seja seguro para nós.

O estado de alerta incessante, faz com que seus olhos imaginem vultos e coisas.

Por estar, intimamente, ligado a você, os vejo também.

É como se tudo aquilo que há muito tempo tentava esconder viesse à tona.

É como uma rebelião de pensamentos e fatos do passado, antes aprisionados.

Antes emudecidos pela força do esquecimento voluntário.

Vejo-me preso a este turbilhão, dando voltas em círculos sem fim.

Tento te levar pela mão a passeios mais amenos.

Mas parece que não consegues mais me enxergar.

Transpareço-me em movimentos e reações desesperadas.

Externo minha desesperança com gestos eloquentes, tentando um pouco de sua atenção.

E acabo por perceber que aos poucos estou lhe perdendo de vez.

Em um breve momento de calma, permaneço calado, diante do reflexo da sua imagem.

O espelho, ao qual todo este lapso estive diante, não mais me instiga, sequer me responde.

Somente me observa atentamente, da mesma maneira como eu o observava todo este tempo.

Autoanalisando meus medos e atos insegurança.

Buscando, em detalhes ofuscantes ao meu redor, o mesmo que eu.

 

B.X.D.

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