O trem da vida passa e acorda a todos do lugar.
Vem à procura de sonhos e mudanças.
Vem a procura daqueles que querem mais.
Não há mais quem se irrite com o seu barulho de pó e fumaça.
Rastros de vidas que vêm e que vão.
A cidade sempre fica a esperar pelo seu retorno.
E o entorno da estação se enche de luzes a piscar.
As lágrimas se misturam a terra batida.
E a batida do sino avisa aos desavisados:
“Está na hora de partir!”
“Está na hora de se aventurar!”
“Não se pode mais esperar!”
“A hora é agora, depois não vá chorar!”
Os habitantes nunca sabem quando o trem irá retornar.
Ou, se mesmo um dia isso vai acontecer.
O que se sabe é que o tempo avança.
Menos na cidade que fica para trás.
Ao pé da curva da estrada sem fim.
Janelas acesas denunciam sorrisos, desconfianças e saudades
eternas.
Saudade de pessoas que não se sabe se voltarão a olhar.
Álbuns de fotografias são abraçados como tesouros
escondidos.
Molhados e amassados no mais lindo e puro gesto de corações
destemidos.
Jorrando o mais belo liquido.
Aquele que Deus nos deu para que possamos demonstrar o mais
verdadeiro e bucólico sentimento.
Mãos agitam-se e se perdem pelo emaranhado anoitecer.
Tornando-se pequenas a cada metro avançado pela noite sem
fim.
Até sumirem, deixando para trás olhares inertes e perdidos
no sereno do luar.
B.X.D.