sábado, 4 de abril de 2015

O TREM DA VIDA


O trem da vida passa e acorda a todos do lugar.

Vem à procura de sonhos e mudanças.

Vem a procura daqueles que querem mais.

Não há mais quem se irrite com o seu barulho de pó e fumaça.

Rastros de vidas que vêm e que vão.

A cidade sempre fica a esperar pelo seu retorno.

E o entorno da estação se enche de luzes a piscar.

As lágrimas se misturam a terra batida.

E a batida do sino avisa aos desavisados:

“Está na hora de partir!”

“Está na hora de se aventurar!”

“Não se pode mais esperar!”

“A hora é agora, depois não vá chorar!”

Os habitantes nunca sabem quando o trem irá retornar.

Ou, se mesmo um dia isso vai acontecer.

O que se sabe é que o tempo avança.

Menos na cidade que fica para trás.

Ao pé da curva da estrada sem fim.

Janelas acesas denunciam sorrisos, desconfianças e saudades eternas.

Saudade de pessoas que não se sabe se voltarão a olhar.

Álbuns de fotografias são abraçados como tesouros escondidos.

Molhados e amassados no mais lindo e puro gesto de corações destemidos.

Jorrando o mais belo liquido.

Aquele que Deus nos deu para que possamos demonstrar o mais verdadeiro e bucólico sentimento.

Mãos agitam-se e se perdem pelo emaranhado anoitecer.

Tornando-se pequenas a cada metro avançado pela noite sem fim.

Até sumirem, deixando para trás olhares inertes e perdidos no sereno do luar.

 

 B.X.D.